Futuro campeão brasileiro faz jogo contra o vice-líder parecer fácil: posicionamento impecável e compromisso com a vitória são marcas do técnico, craque do Brasileirão
Por que todos os times jogam com 11 jogadores e o Corinthians parece ter 12, 15, 20 em campo? Eles marcam, se defendem, articulam, atacam, participam. É muito treino. É a união de características que formam um time campeão: precisão tática, posicionamento e movimentação ensaiados, mas também de compromisso com a vitória, com a torcida, com o currículo.
Tudo isso, seja o que vem da cabeça ou do coração, tem a marca do trabalho de Tite. Atitude de campeão não se compra, mas pode se incutir em cabeças tão complexas como as de jogadores de futebol. No último domingo, Corinthians e Atlético-MG entraram em campo para decidir se ainda haveria disputa de título no Campeonato Brasileiro. A vitória do líder sobre o segundo colocado por 3 a 0 (assista aos gols no vídeo abaixo), em Belo Horizonte, resolveu a questão. Não há mais, além de meras formalidades.
A diferença de "fome" das duas equipes é vista nos vídeos abaixo.
Neste primeiro, três tentativas do Galo de sair do campo de defesa. Todas anuladas pela marcação adiantada do Timão, seja atacando o dono da posse de bola ou fechando o espaço do passe. Em duas oportunidades, a zaga é obrigada a recuar para Victor. Na outra, se enrola e cede lateral. Tudo isso aconteceu antes dos 15 minutos do primeiro tempo. Assista:
Do outro lado... A bola sai das mãos de Cássio, passa por Gil, Rodriguinho e Jadson até chegar em Renato Augusto, que tabela com Malcom. A finalização do atacante para em Victor. Foram 15 segundos de uma área à outra, e 14 toques na bola. Os atleticanos só assistiram. Veja:
A partida evoluiu e o Atlético-MG, aos poucos, criou meios de chegar ao campo de ataque. Mas quebrar a compactação – palavra que irrita de tão usada fora de contexto, mas que cabe no caso – do Timão foi impossível. A foto seguinte reproduz lance que os anfitriões rodam pra lá, pra cá, em busca de um espaço que não aparece. Os 10 jogadores de linha do futuro campeão brasileiro estão reunidos num pedaço curtíssimo de gramado.
Jadson, mais aberto pelo lado direito, vigia o lateral-esquerdo Douglas Santos, que receberia o passe. Não fosse essa recomposição rápida, em que o meia, um dos craques, senão o principal jogador da competição, acompanha o adversário, a linha de quatro defensores não poderia estar tão fechada, com Edilson, Felipe, Gil e Guilherme Arana.
defesa Corinthians marcação Atlético-MG (Foto: Arte: GloboEsporte.com)
Acompanhar o lateral é importante. Veja, logo no início do vídeo abaixo, como Luan tenta puxar Guilherme Arana, em velocidade total, não consegue, e simplesmente desiste da marcação. A troca de passes termina em Rodriguinho, na entrada da área. Quem tenta chegar – atrasado – e não consegue é Luan. Não se pode crucificar o meia-atacante no lance, mas é preciso ressaltar que a concentração do Corinthians em cada segundo do campeonato explica o título.
Há mais elogios a se fazer ao campeão. Com a posse de bola, o Corinthians também parece ter o dobro de jogadores, eles estão sempre próximos. A movimentação de quem está sem a bola, mas se apresenta para receber, é rápida, é intensa. E em meio aos melhores do time, Jadson e Renato Augusto, ou jogadores experientes como Vagner Love, merece destaque o adolescente Malcom. Aos 18 anos, o atacante não fez o primeiro gol do jogo por acaso.
Ele havia tido três chances ótimas. Mérito de saber se posicionar, da ousadia, da técnica em domínios dificílimos. Não teve êxito na finalização, algo a ser aprimorado, mas foi muito além do que se imaginava no início da temporada. Graças ao seu talento e ao trabalho coletivo.
Graças a Tite, que, como pode-se ver no vídeo acima, teve de vestir a capa para se proteger de cusparadas, e só tirou pela intervenção do adversário Levir Culpi. Técnicos que merecem estar na ponta da tabela, mas o gaúcho, com todo respeito aos demais, é o craque do Brasileirão.
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